Há uns dias, passei por aqui, e resolvi tirar umas fotografias, pois é uma zona bastante bonita e agradável para passar uma tarde (ou manhã, para os mais madrugadores!).
Para mim, esta zona tem um significado especial, pois sempre que posso, vou até junto das falésias, para apreciar a paisagem e digamos, meditar um pouco sobre o meu dia-a-dia.
Recomendo apenas atenção com as gaivotas, que por vezes não gostam da nossa presença por lá, vá-se lá saber a verdadeira razão. Umas vezes pelas crias que estão nos ninhos, outras vezes por não lhes darem comida, outras, simplesmente para reclamar a paisagem, o certo é que elas se tornam agressivas, qual cenário de Hitchcock!
Situado no Cabo Carvoeiro, concelho de Lagoa, próximo da Praia do Carvalho. O Farol de Alfanzina foi activado a 1 de Dezembro de 1920, conforme atesta o Aviso aos Navegantes editado aquando do seu início de actividade. A construção de um farol na região foi aprovado anteriormente, em 1883, mas só em 1913 começaram as primeiras considerações técnicas sobre o farol e a determinação da sua localização exacta, demorando mais 7 anos até que o mesmo entrasse em funcionamento.
Técnicamente, tinha um alcance luminoso de 30 metros e um alcance geográfico de 20 milhas (considerando que o observador está colocado a 5 metros acima do nível do mar). Em 1982, e tendo já passado por várias intervenções, o Farol é ligado á rede de energia geral, sendo instalada uma lâmpada de 1000W, passando o seu alcance para as 29 milhas.
Coordenadas geográficas:
Latitude: 37º 05,28 Norte
Longitude: 08º 26,47 Oeste
Paisagem típica de rochas carbonatadas (calcários, dolomitos ou mármores), caracterizada pelas formas resultantes da dissolução dessas rochas.
O carso caracteriza-se por ter, geralmente, cavernas ou grutas, drenagem subterrânea, dolinas e outros elementos de morfologia cársica.
Os processos de génese do carso ocorrem ao longo de milhares de anos e têm origem na dissolução das rochas, por acção da água da chuva, que se torna ligeiramente ácida ao incorporar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e depois de atravessar o solo. Assim, ao infiltrar-se através da rocha carbonatada, esta água acidificada vai dissolvê-la, ajudando a formar a paisagem cársica.
Paisagens e poema:
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
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