terça-feira, junho 10, 2008

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...



Hoje é dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.


É o dia em que se assinala o aniversário da morte de Camões, a 10 de Junho de 1580, assim como é também o Dia Nacional de Portugal.


É um dia feriado para nós, isto é, para aqueles previlegiados que podem gozar este dia de folga, e muitos aproveitaram o fim de semana "prolongado", metendo mais um diazito de férias, para ser um longo fim-de-semana para descançar.

Eu fiz o mesmo, e aproveitei para apanhar uma cor na praia. Descançar, estar com amigos e familiares e, no fundo não fazer nada. Sabe bem, não é?

No entanto, passei o dia a pensar que tal como Camões um dia escreveu, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que há uns anos era da praxe assistir a discursos, apresentações da Marinha ou Força Aérea ou outros eventos relacionados com o tema de Portugal, de Camões ou das respectivas Comunidades Portuguesas, hoje não é bem assim. Acredito que muitas pessoas não se apercebam da verdadeira razão de ser deste dia e nem saberão talvez o seu significado. Para muitos, será um dia de descanço (de preferência) em que farão tudo, menos (pelo menos!) tentar saber mais deste dia.

Por outro lado, também não posso criticar, pois ao contrário da cultura do futebol ou dos concertos (p.ex. Rock in Rio - Lisboa) que consegue mover milhares de pessoas para assistir ás suas representações, a parte cultural e genuina do nosso povo tende em desaparecer. O Marketing e Publicidade não chega aqui. Não há divulgação, excepto pequenos títulos nas revistas ou jornais diários. Pareçe até que não há vantagens económicas em mover este mundo cultural.

Este tipo de eventos não são divulgados. Não por culpa de alguém, mas por culpa de todos nós, que nos estamos (perdoem-me a linguagem) "borrifando" para comemorações destas e que queremos é gozar o dia na praia, num bom concerto musical, numa party ou outra qualquer situação bem mais divertida.

Mas não deveria de ser assim!

Entristece-me ver que cada vez mais a cultura se relaciona com futebol, música (estrangeira, porque a maioria da Nacional é "Pimba"!) e similares. Vá lá que o Fado está a ter cada vez maior presença na vida nacional, mas pareçe-me que apenas acontece assim, porque os "estrangeiros" vêm de propósito a Portugal para viver esse ambiente de Fado, Saudade, e música portuguesa. E se os estrangeiros dizem que é bom, então eles é que sabem!


Não pretendo ser diferente das outras pessoas, mas custa-me que assim seja e que também eu faça isso. Hoje fiz. Mas, em minha defesa e daqueles que gostam destas coisas e de manter a tradição, também não temos outra hipótese, pois por aqui, nada aconteçe, pois estes eventos só acontecem nos grandes centros. E para ir aos grandes centros, a vida não ajuda. Por isso, vamo-nos ficando pelo "passeio dos tesos" que, neste caso, é a praia!


Com tudo isto pretendo apenas dizer o seguinte: Portugueses, compatriotas, pensem e acreditem no seguinte:
não esqueçam o passado, pois o sucesso do futuro depende das lições que se aprenderam no passado. E só é possível avançar, com o conhecimento da história que nos trouxe até este momento. Não tentem copiar os outros povos, pois cada povo é um povo.

Tenham orgulho em ser Portugueses, pois por cá não há só desgraças. Há muita "cultura", no verdadeiro sentido da palavra, há muito avanço tecnológico e, talvez não acreditem, mas somos mesmo modelo para o Mundo em muitas áreas tecnológicas e científicas. Falta apenas o apoio de todos nós e o orgulho de sermos de facto Portugueses, que tal como os nossos antepassados sempre andaram á frente de todo o Mundo.

Para acabar, e já que hoje é dia de Camões, aqui fica um poema para vós.



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

(Por Luíz Vaz de Camões, 1595)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as máguas da lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Sem comentários:

terça-feira, junho 10, 2008

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...



Hoje é dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.


É o dia em que se assinala o aniversário da morte de Camões, a 10 de Junho de 1580, assim como é também o Dia Nacional de Portugal.


É um dia feriado para nós, isto é, para aqueles previlegiados que podem gozar este dia de folga, e muitos aproveitaram o fim de semana "prolongado", metendo mais um diazito de férias, para ser um longo fim-de-semana para descançar.

Eu fiz o mesmo, e aproveitei para apanhar uma cor na praia. Descançar, estar com amigos e familiares e, no fundo não fazer nada. Sabe bem, não é?

No entanto, passei o dia a pensar que tal como Camões um dia escreveu, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que há uns anos era da praxe assistir a discursos, apresentações da Marinha ou Força Aérea ou outros eventos relacionados com o tema de Portugal, de Camões ou das respectivas Comunidades Portuguesas, hoje não é bem assim. Acredito que muitas pessoas não se apercebam da verdadeira razão de ser deste dia e nem saberão talvez o seu significado. Para muitos, será um dia de descanço (de preferência) em que farão tudo, menos (pelo menos!) tentar saber mais deste dia.

Por outro lado, também não posso criticar, pois ao contrário da cultura do futebol ou dos concertos (p.ex. Rock in Rio - Lisboa) que consegue mover milhares de pessoas para assistir ás suas representações, a parte cultural e genuina do nosso povo tende em desaparecer. O Marketing e Publicidade não chega aqui. Não há divulgação, excepto pequenos títulos nas revistas ou jornais diários. Pareçe até que não há vantagens económicas em mover este mundo cultural.

Este tipo de eventos não são divulgados. Não por culpa de alguém, mas por culpa de todos nós, que nos estamos (perdoem-me a linguagem) "borrifando" para comemorações destas e que queremos é gozar o dia na praia, num bom concerto musical, numa party ou outra qualquer situação bem mais divertida.

Mas não deveria de ser assim!

Entristece-me ver que cada vez mais a cultura se relaciona com futebol, música (estrangeira, porque a maioria da Nacional é "Pimba"!) e similares. Vá lá que o Fado está a ter cada vez maior presença na vida nacional, mas pareçe-me que apenas acontece assim, porque os "estrangeiros" vêm de propósito a Portugal para viver esse ambiente de Fado, Saudade, e música portuguesa. E se os estrangeiros dizem que é bom, então eles é que sabem!


Não pretendo ser diferente das outras pessoas, mas custa-me que assim seja e que também eu faça isso. Hoje fiz. Mas, em minha defesa e daqueles que gostam destas coisas e de manter a tradição, também não temos outra hipótese, pois por aqui, nada aconteçe, pois estes eventos só acontecem nos grandes centros. E para ir aos grandes centros, a vida não ajuda. Por isso, vamo-nos ficando pelo "passeio dos tesos" que, neste caso, é a praia!


Com tudo isto pretendo apenas dizer o seguinte: Portugueses, compatriotas, pensem e acreditem no seguinte:
não esqueçam o passado, pois o sucesso do futuro depende das lições que se aprenderam no passado. E só é possível avançar, com o conhecimento da história que nos trouxe até este momento. Não tentem copiar os outros povos, pois cada povo é um povo.

Tenham orgulho em ser Portugueses, pois por cá não há só desgraças. Há muita "cultura", no verdadeiro sentido da palavra, há muito avanço tecnológico e, talvez não acreditem, mas somos mesmo modelo para o Mundo em muitas áreas tecnológicas e científicas. Falta apenas o apoio de todos nós e o orgulho de sermos de facto Portugueses, que tal como os nossos antepassados sempre andaram á frente de todo o Mundo.

Para acabar, e já que hoje é dia de Camões, aqui fica um poema para vós.



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

(Por Luíz Vaz de Camões, 1595)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as máguas da lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
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E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.